Um grupo de índios contrários à demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol chegou domingo à Vila Surumu. Eles são favoráveis à permanência de arrozeiros na reserva e ameaçam entrar em confronto com indígenas que defendem a saída de fazendeiros. O Makuxi Sílvio da Silva, líder do grupo, disse que 180 índios chegaram a Surumu. A intenção, segundo ele, é bloquear o acesso ao acampamento, montado por indígenas favoráveis à demarcação contínua, em frente à fazenda do líder dos produtores de arroz Paulo Cesar Quartiero.
O conflito na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) é a ponta mais visível do barril de pólvora em que se assentam as terras indígenas e suas riquezas naturais. Madeireiros, garimpeiros e fazendeiros fazem parte da rotina de violência e disputas judiciais que cercam essas áreas. "Há conflitos ostensivos, que geram brigas e mortes, e os judiciais, em torno da posse da terra. A demora da Justiça permite que a situação de invasores se consolide, prejudicando os povos indígenas", diz o sertanista e ex-presidente da Funai Sydney Possuelo
O Globo, 12/05/2008, O País, p.4.
O Palácio do Planalto avaliou que foi um gesto de insubordinação explícita o fato de o general Eliezer Monteiro, do 7º Batalhão de Infantaria da Selva (RR), ter aberto o quartel para ato contra a Terra Indígena Raposa-Serra do Sol. Auxiliares diretos do presidente Lula demonstraram surpresa com a atitude do general e o fato de ele ter feito até mesmo um discurso a favor dos manifestantes. O Planalto vai querer uma explicação do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A percepção é que o comandante do Exército fez um ato de hostilidade explícita ao governo.
Uma manifestação realizada sexta-feira por arrozeiros, políticos e comerciantes de Roraima contrários à demarcação de Raposa Serra do Sol terminou num ato dentro de uma unidade do Exército, em Boa Vista, e com o apoio do general Eliezer Monteiro, comandante do 7o Batalhão de Infantaria de Selva (BIS). Monteiro é a principal autoridade militar de Roraima. No auditório do 7o BIS, o general disse que há riscos para a soberania nacional com demarcação de terras nas faixas de fronteira. Quando defendeu as terras dos arrozeiros, Monteiro foi aplaudido.
O Supremo Tribunal Federal deve julgar em duas semanas o mérito da ação cautelar proposta pelo governo de Roraima que contesta a demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. O presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, disse sexta-feira que o julgamento é "prioridade" e acredita numa "solução rápida". A expectativa é que o ministro-relator, Carlos Ayres Britto, finalize seu voto até o fim da semana e solicite que o tema seja posto em pauta. "Se houver o pedido de pauta na semana que vem, certamente nós podemos iniciar (o julgamento) já na semana seguinte.