Antropólogo vê Raposa como marco político

Entrevistado: 
Paulo Santilli
Autor: 
Lucas Ferraz
Data de publicação: 
15/12/2008
Fonte: 
FSP

O antropólogo Paulo Santilli, afirma que o entendimento do STF sobre a Raposa/Serra do Sol consagra a política indigenista desenvolvida pela Funai há décadas. Coordenador de Identificação e Delimitação do órgão, ele diz que essa linha do Supremo "vira" uma página no processo de reconhecimento dos "direitos territoriais indígenas".

Folha - Mesmo com as 18 ressalvas feitas, o indicativo do STF é uma vitória para a política indigenista da Funai?

Paulo Santilli - Consolida um longo processo de regularização fundiária que vem sendo desenvolvida há décadas.

Folha - O entendimento vira uma página da história da política indigenista?

Santilli - Vira a página do processo de reconhecimento oficial dos direitos territoriais indígenas, dos povos que vivem nessa área.

Folha - O caso da Raposa parece ter se tornado um dos mais emblemáticos da Funai.

Santilli - Se tornou emblemático, passou a simbolizar toda a política indigenista, condensou as várias ações em âmbito administrativo, judicial, político, na mídia.

Folha - E deixa alguma lição?

Santilli - Da persistência dos índios em busca do reconhecimento. Eles se esmeraram na interlocução com o Estado e se fizeram compreendidos.

FSP, 15/12/2008, Brasil, p. A9.