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O dia da índia Joênia

Data de publicação: 
31/08/2008
Fonte: 
OESP

Joênia Batista de Carvalho surpreendeu os ministros do STF ao abrir sua fala em wapichana, língua que leva o nome de seu povo. A advogada usou o seu idioma para decretar 'Waynau bii' ou, em bom português, 'Basta de violência'. A voz trêmula do início foi dando lugar a um tom mais seguro conforme Joênia ia descrevendo o sentimento dos índios da região. "Temos 300 escolas, 5,6 mil alunos, 485 professores. E R$ 14 milhões circulam anualmente na reserva. Mas nossa economia não é contabilizada. Somos caluniados e discriminados dentro de nossa própria terra". Foram 10 minutos falando como num desabafo, com poucos termos técnicos. Depois ela revelou que isso era estratégico. Ela estava ali para contar como os índios vêem e sentem a situação
OESP, 31/08/2008, Aliás, p.J6.

Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas

Data de publicação: 
31/08/2008
Fonte: 
FSP

"A propósito do editorial 'Ocupar as fronteiras', cumpre esclarecer os seguintes pontos: 1. ante seu caráter recomendatório, portanto sem coercitividade jurídica, a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas não afronta a Constituição; 2. o editorial omite que o parágrafo 46.1 da declaração afirma que 'nada do disposto na presente declaração será interpretado no sentido de autorizar ou de fomentar qualquer ação direcionada a desmembrar ou a reduzir, total ou parcialmente, a integridade territorial ou a unidade política de Estados soberanos e independentes'". Acusar o Itamaraty de contrariar a Constituição é, no mínimo, leviano", carta de Everton Vieira Vargas, do Ministério das Relações Exteriores
FSP, 31/08/2008, Painel do Leitor, p.A3.

Indefinição sobre a reserva paralisa RR

Data de publicação: 
31/08/2008
Fonte: 
OESP

A disputa pelas terras da Raposa Serra do Sol está travando o desenvolvimento de Roraima. "Quem vai investir numa área marcada pela incerteza? Ninguém", diz o economista Gilberto Hissa, professor da Universidade Federal de Roraima. Hissa não defende publicamente nenhum dos dois lados envolvidos na polêmica. O que ele deseja é uma solução rápida, que ajude a atrair mais investimentos. "A área ocupada hoje pela agricultura gira em torno de 100 mil hectares. Mas nós temos outros 2 milhões para explorar. Mesmo depois de demarcadas todas as terras indígenas, as reservas ambientais, e depois de separadas as região não utilizáveis para a agricultura, ainda teríamos áreas para um grande salto à frente", afirma
OESP, 31/08/2008, Nacional, p.A14.

Arroz não resistiria a terra contínua, dizem índios pró-brancos

Data de publicação: 
31/08/2008
Fonte: 
FSP

Para os índios defensores da demarcação em ilhas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol -nas quais os rizicultores poderiam continuar produzindo-, a atividade econômica seria fundamental para o desenvolvimento da área. Já os indígenas que lutam pela demarcação contínua afirmam que a terra é sagrada e de direito das cinco etnias que vivem na área. O CIR (Conselho Indígena de Roraima) acusa a Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima) de defender os interesses dos arrozeiros. A maioria dos índios ligados à organização trabalha -ou tem algum parente- nas fazendas de arroz. A Sodiur afirma que, caso os rizicultores sejam expulsos, os índios do CIR não terão "capacidade" para gerir as fazendas
FSP, 31/08/2008, Brasil, p.A20.

Raposa/Serra do Sol

Data de publicação: 
31/08/2008
Fonte: 
FSP

"Em resposta ao doutor Rubem Prado Hoffmann Jr. ('Painel do Leitor'), que acha 1,7 milhão de hectares é muita terra para 19 mil índios, gostaria de lembrar que o Estado de Roraima tem 225.017 km2. Um milhão e setecentos mil hectares correspondem a 17.000 km2, ou seja, 7,6% da área total do Estado. Considerando que Roraima conta com 215.950 habitantes, os índios da reserva representam 8,8% da população local. Assim sendo, 8,8% de nativos ocupando 7,6% do território não me parece um absurdo", carta de Fabrizio Wrolli
FSP, 31/08/2008, Painel do Leitor, p.A3.

Ayres Britto rebate críticas e diz ter apoio de juristas

Data de publicação: 
30/08/2008
Fonte: 
OESP

O relator da ação que contesta a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) no Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, rebateu as críticas feitas reservadamente por colegas ao seu voto. Ministros afirmaram que Ayres Britto tratou determinadas questões de forma superficial. "Se algum ministro tachou o meu voto de superficial é porque o leu superficialmente", respondeu Britto. E acrescentou que, ao contrário dessas avaliações, recebeu o apoio de juristas renomados. Ao menos quatro ministros revelaram que pretendem fazer ressalvas à demarcação. A preocupação principal é com a soberania nacional. Esses ministros dizem que podem propor a redução da área destinada à reserva para deixar livres para as Forças Armadas as faixas de fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana. A demarcação permaneceria da forma contínua
OESP, 30/08/2008, Nacional, p.A18.

Antropólogo vê direito dos índios em xeque no STF

Data de publicação: 
30/08/2008
Fonte: 
FSP

O antropólogo Luís Roberto Cardoso de Oliveira, ex-presidente da ABA (Associação Brasileira de Antropologia), disse que uma decisão do STF que reverta a demarcação contínua da Raposa Serra do Sol deverá ser interpretada pela comunidade indígena como uma demonstração de que o direito deles vale menos do que o dos demais brasileiros. Sobre o argumento de que a demarcação pode colocar em risco a soberania do país, disse que a terra estará mais protegida nas mãos dos índios "do que se estivesse na mão de particulares". Para ele, a permanência das populações não-índias em "ilhas" dentro da reserva resultará em prejuízo aos índios. Afirma que os índios teriam dificuldade para caçar e pescar, por exemplo, já que o deslocamento deles dentro da área ficaria limitado
FSP, 30/08/2008, Brasil, p.A10.

Índios querem transformar reserva de RR em pólo turístico; Funai diz que é irregular

Data de publicação: 
30/08/2008
Fonte: 
FSP

Índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) querem transformar a reserva em pólo turístico. Assim que o Supremo Tribunal Federal definir a demarcação da terra indígena, será feito um trabalho de ecoturismo desenvolvido por eles próprios, sob a coordenação do CIR (Conselho Indígena de Roraima), que quer a saída dos arrozeiros e não-índios da terra. A idéia é aproveitar a fama para o desenvolvimento do turismo na área, repleta de rios, cachoeiras, montanhas e trilhas. O centro das atividades ficaria na Vila Surumu, porta de entrada da reserva, onde há aeroporto internacional. Apesar do interesse dos índios, a Funai considera irregular atividades turísticas em terras indígenas
FSP, 30/08/2008, Brasil, p.A10.

Raposa Serra do Sol tem guerra de laudos

Data de publicação: 
30/08/2008
Fonte: 
O Globo

O embate no STF sobre a demarcação da Raposa Serra do Sol é também uma guerra de laudos. De um lado, um relatório antropológico da Funai defende a demarcação da área de forma contínua; de outro, um laudo de peritos, requisitado pela Justiça Federal de Roraima, fala de uma série de impropriedades na defesa da demarcação contínua, entre elas, o próprio relatório da Funai. Coordenado pela antropóloga Maria Guiomar de Melo, o relatório da Funai é resultado de um estudo sobre as atividades produtivas e formas de organização das cinco etnias do local. "Esse trabalho foi exaustivo, levou anos. Foram consultadas todas as comunidades. Todas os líderes das comunidades indígenas se manifestaram a favor da demarcação contínua", disse Paulo Santilli, coordenador da Funai
O Globo, 30/08/2008, O País, p.18.

Ocupar as fronteiras

Data de publicação: 
30/08/2008
Fonte: 
FSP

"O debate em torno da demarcação das terras indígenas no Brasil seria menos belicoso se o Itamaraty tivesse se recusado a endossar a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. O documento contém disposições que afrontam a Constituição brasileira. A lei fundamental admite apenas uma nação, um território e uma população, a brasileira. O texto da ONU, no entanto, trata os 'povos indígenas' como sujeitos universais de direitos e prescreve a sua 'autodeterminação'. O decreto presidencial que homologou a terra indígena Raposa/Serra do Sol manteve-se na linha prescrita pela lei fundamental. Assinar documentos internacionais que contrariam a Constituição do país é um erro diplomático elementar", editorial
FSP, 30/08/2008, Opinião, p.A2.