2008

Em janeiro, índios da Raposa-Serra do Sol bloqueiam a interligação da BR-401 e 433, no município de Normandia, a 161 km de Boa Vista. Um índio é preso durante o ato sob acusação de ter ferido um policial com uma flechada.

O CIR encaminha pedido de proteção à vida dos índios para a Organização das Nações Unidas (ONU).

Em fevereiro, depois de o STF ter negado recurso ao Estado de Roraima e ter mantido a homologação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, a Procuradoria do Estado anuncia que vai tentar nova ação contra a demarcação.

Em março, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete ao governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), repassar no prazo de 60 dias terras da União ao governo do Estado. No dia 30 de março, a PF chega à Raposa-Serra do Sol e inicia a Operação Upatakon III para tirar não-índios da reserva.

No dia 31, Quartiero é preso pela Polícia Federal por desacato e libertado algumas horas depois, mediante pagamento de fiança.

Em abril, 350 homens da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública chegam a Roraima para se juntar a outros 150 agentes que já estão em Boa Vista. Manifestantes contrários à homologação das áreas destróem pontes com dinamite e motosserras. A Polícia Federal se compromete a investigar a autoria dos ataques à comunidade.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, revela que o grupo de produtores de arroz que resiste em deixar a Terra Indígena, em Roraima, quer confronto e prepara bombas contra a ação da Polícia Federal.

Aproximadamente 50 indígenas chegam à Vila Surumu, entrada principal da Raposa-Serra do Sol, pintados para a guerra. Eles foram se unir aos manifestantes favoráveis à permanência de não-índios e arrozeiros na região.

Cerca de 100 manifestantes atacam, em 7/4, um posto da Polícia Federal, localizado em Pacaraima (RR). Fecham a fronteira entre o Brasil e a Venezuela com pneus e carros. De acordo com a polícia, índios e comerciantes que apóiam a permanência dos rizicultores na Reserva Raposa-Serra do Sol jogaram uma bomba caseira no posto e tentaram explodir um carro em frente ao local, mas os policiais conseguiram prender o homem que tentava tocar fogo no veículo. A Polícia Rodoviária Federal deve enviar uma equipe até a fronteira para tentar liberar a rodovia.

No dia 10 de abril, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) anuncia a ordem de suspensão, dada pelo STF, da Operação Upatakon III. O CIR declara que irá recorrer da decisão. O STF nega recurso impetrado pela Advocacia Geral da União (AGU) contra a liminar que suspendeu a operação.

Em 15 de abril, o rizicultor Paulo César Quartiero é reconduzido ao cargo de prefeito de Pacaraima.

Em maio, dez índios são baleados por funcionários de Quartiero, enquanto construíam casas na aldeia ao lado da fazenda Depósito. No dia seguinte, o ministro Tarso Genro, da Justiça, visita a Raposa. Paulo Cesar Quartiero é preso e levado para a sede da PF em Brasília.

O governador Anchieta Júnior protocola ação junto ao STF para anular a demarcação da Raposa-Serra do Sol em área contínua e refazê-la em ilhas. Ibama vistoria a fazenda Depósito e multa Quartiero por crimes ambientais cometidos no valor de R$ 30 milhões e 600 mil. Procurador-Geral da Republica se declara favorável à Terra Indígena e a Funai decide entrar com ação junto com a PGR contra a ação do governador de Roraima.

As comunidades indígenas da TI Raposa-Serra do Sol pedem para entrar na ação popular defendendo a manutenção da demarcação, apoiadas pelo CIR e pelo ISA.